24 fevereiro 2012

Uma simples mas capital pergunta

Ai o défice na Saúde, ai o défice na Educação, ai o défice na Previdência!

Quando a receita arrecadada pelo Estado e retirada do esforço dos contribuintes não serve para suportar um défice - que é desejável e existe pela natureza das coisas e do próprio Estado - com a Justiça, a Educação, a Saúde e a Previdência, então
para que serve o Estado?

Desgraçadamente, há hoje uma resposta:
Teremos, encapotada no que se chama de Estado, uma máquina burocrática com o único objectivo e resultado de defender a eficiência dos ganhos dos poderosos, à custa da agressão sistemática e cega dos pobres e da classe média.

A solidariedade que fez da Europa o farol do mundo

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Como salientava recentemente um criterioso estudo do grupo de reflexão "Notre Europe", com sede em Paris, a solidariedade tem duas variantes. Existe o acordo de transação simples – a apólice de seguro comum contra a possibilidade desta ou daquela catástrofe – e existe o interesse próprio esclarecido que leva os governos a reconhecer objetivos nacionais numa estratégia de integração partilhada e sustentada.
A União Europeia foi construída com base no último. Há mais ou menos 60 anos, era relativamente fácil. Os horrores de duas guerras mundiais, a ameaça comum representada pela União Soviética e o estímulo representado pelos EUA conferiam uma lógica irresistível àquilo que os fundadores chamavam o processo de construção europeia.

A cor da sede

Como será a cor da sede
Quando no cárcere a gota
se derrama e escorrega
Nos sulcos do baço ladrilho
Onde apenas ressalta o brilho?

Como será a cor da voz
Quando as sílabas saltam
duma língua trepidante
E os lábios soltam palavras
À míngua dum sorriso delirante?

[VER POEMA COMPLETO]

A fuga e a circulação de cérebros

(. . .)
Os nossos emigrantes não têm razões para voltar se o modelo económico se mantiver tal qual, a não ser o sol e o mar que exercem um poderoso chamamento. Com a circulação o país de origem ganha muito com isso, com a fuga só perde. Ora em Portugal esses cérebros estudaram à custa do país e depois vão enriquecer os países mais ricos que nós.
Isto é, o modelo económico seguido em Portugal não só nos mantém na retaguarda do desenvolvimento e da pobreza como não dá lugar ao que mais importante temos. O capital humano!

Não são de burro, mas também não chegam ao céu

Dizem os actuais (des)governantes que não só cumprem tudo o que a "troika" manda como até vão mais além, mas o certo é que não resolvem os problemas do país, antes os agravam.
Como diz Paul Krugman, na crónica parcialmente reproduzida aqui, o país está a ser sacrificado em nome de teorias que, está a ver-se, só contribuem para degradar a situação económica e social do país.
Quem o diz é a União Europeia que prevê, para este ano, uma quebra na economia portuguesa da ordem dos 3,3%, superior às últimas previsões do governo (-3%) e do Banco de Portugal (-3,1%) e que, a nível europeu, apenas é suplantada pela pela Grécia (-4,4%).
Ah!, mas contra todas as evidências, o ministro Gaspar mantém a crença de que a austeridade vai permitir a Portugal recuperar "gradualmente"a confiança e a credibilidade.
(. . .)

A culpa continua a ser só do Sócrates, que este Governo ainda só está há 8 meses em "funções"

Turismo espanhol no Algarve cai 40%! Por causa das portagens? Por causa de obrigarem os espanhóis a fazer fila em frente a uma maquineta para tirarem um ticket que lhes permite circular em Portugal? Não!, é o super-homem!

Emigrai e multiplicai-vos

"Os diplomatas portugueses "não prestam para nada"[...]
[...] o Presidente da República e o ministro dos Negócios Estrangeiros, «a única coisa que vêm cá [aos Estados Unidos] fazer é gastar dinheiro e passear"
O Ministro dos Negócios Estrangeiros engrossou a voz e declarou, impotente, que o impacto não é significativo "150 [vistos] apenas deixam de ser feitos".

Um lóbi SOS contra os lóbis financeiros terroristas

Um lóbi que funciona ao contrário, faz pressão contra os lóbis financeiros que manipulam os parlamentos nacionais e europeus! A Associação de lóbis já veio queixar-se que andam a vigiar os lóbis "legais" que trabalham junto das instituições europeias. Recusam aceitar que fazem pressão sobre os parlamentares, o seu trabalho dizem, é vender a "marca" dos clientes ( que são países com interesses no que se legisla).
Mas a situação pode mudar com o Finance Watch :Os lóbis financeiros parecem todo-poderosos em Bruxelas, frustrando todas as tentativas de reformas do setor bancário desde a falência do Lehman Brothers em 2008. Mas a situação pode mudar, com o trabalho de um contra lóbi europeu: o Finance Watch.
Será que esta crise vai tornar as coisas mais sólidas, mais éticas e mais transparentes?

Álvaro, fiquei com uma dúvida...

... a propósito da tua proposta de hoje (podes responder na caixa de comentários)

Se um "gestor de carreira para desempregados" cair no desemprego pode consultar um "gestor de carreira para desempregados"? Ou pensas criar um cargo específico para esses casos?, tipo, espera...isto não é fácil, tipo: "gestor de carreira para gestores de carreira para desempregados desempregados".
Desculpa a ignorância, mas isto é tudo novo para mim? "Lucy in the Sky with Diamonds", canta comigo, Álvaro...

Cristalino

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"na nossa união, os bancos desconfiam uns dos outros” e os “países do défice não têm qualquer incentivo para abaterem as suas dívidas dado que os bancos centrais financiam imparavelmente o défice do sector privado”, gerando-se assim uma dívida infinita que acabará por explodir algum dia. “É preciso notar que não estou a falar da dívida soberana, mas das dívidas do sector privado. Porque são estas que constituem o grosso dos desequilíbrios em conta corrente na zona euro”.
Wolfgang Münchau 
É tempo da esquerda na Europa começar a chamar os bois pelos nomes.

23 fevereiro 2012

É só escolher, freguesa, também temos cô-écas e sótianz

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Sacrifícios sem nenhum proveito

"Mesmo os países bons alunos em matéria de austeridade, como Portugal e Irlanda, que fizeram tudo os que lhes foi exigido, continuam a enfrentar custos de financiamento exorbitantes. E porquê? Porque os cortes na despesa deprimiram profundamente as suas economias, enfraquecendo as bases de tributação a um tal ponto que o rácio da dívida em relação ao produto [PIB], o indicador standard para medir o progresso orçamental, está a piorar em vez de melhorar."
Paul Krugman, Pain Widhout Gain

Ironia que foi

O que me tem assustado, dia a dia e cada vez mais, é a "barricada" com que os banqueiros trancam o dinheiro à economia real. O país parece estar a fechar para balanço. Um balanço que os financeiros acautelam desde há muitos meses... mansa e cinicamente.
No trabalho quotidiano com as famílias e as empresas, temo cada vez mais por um desenlace que não vai ser risonho. A vida está a parar, na produção que já se não faz, nos lares que adormecem pela manhã no pesadelo dessa sinistra 'moda' que é a insolvência das famílias.
Já me arrepio quando me lembro da ironia com que há umas semanas advertia que "um dia o povo vai-lhes às ventas".
Ironia?

Zeca, maior que o pensamento

22 fevereiro 2012

Questões do Estado de Direito (Acordo Ortográfico)

[Citado de Vasco Graça Moura]
O que é que haverá de comum entre personalidades tão diferentes como Pedro Santana Lopes, Jorge Bacelar Gouveia, José António Saraiva e Henrique Monteiro? Face aos jornais das últimas semanas, a resposta é muito simples: todos defendem o Acordo Ortográfico, todos discordam das posições que tenho sustentado, todos, pelos vistos, entraram em alerta vermelho com os textos publicados no Jornal de Angola, e todos evitam tomar posição sobre questões que são essenciais.
A primeira dessas questões é a da entrada em vigor do AO. Toda a gente sabe que, não tendo sido ratificado pelas Repúblicas Populares de Angola e de Moçambique, ele não entrou em vigor.