Há uma perversidade sádica na arrogância do Primeiro Ministro quando afirma que "ninguém perceberia" se o Governo desse tolerância de ponto no Carnaval. O que ninguém percebe, é como é que ele não percebe, a enormidade e inutilidade desta decisão. Ao contrário do que diz, não é o facto de o Governo estar a cortar quatro feriados nacionais, que torna coerente esta medida. Em política, dois e dois não são quatro. A festa carnavalesca é uma festividade ancestral de grande simbolismo ligada ao calendário pascal, conhecida também como terça-feira gorda, pelo que a decisão é recebida como mais uma punição injusta dirigida aos "madraços que trabalham pouco" e que, na cabeça dos iluminados que nos vão reduzir a cinzas, têm de trabalhar mais.